"Manoel era um lunático por Coisas antigas. Um dia comprou um carro usado um Ford 28 e começou e trabalhar na sua reforma do jeito que imaginava. As peças que faltavam ele procurava nos ferros-velhos e quando não encontrava, fabricava. Eu ajudei costurando o pano da capota e dos assentos.
Ele trabalhou três anos na reforma do carro até que, em 1944, às dez horas da noite, o Ford Bigode saiu pelas ruas de Surubim. Quando chegou à frente da igreja matriz o povo fez aquele cordão pra Manoel parar, buzinar e mostrar como ele tinha feito. A buzina chamava a atenção porque imitava o berro de um bezerro.
"Manoel de Losa" ao lado do seu automóvel, Ford 28 e da sua esposa Maria em sua residência.
Viajamos muito com o carro e até um carnaval nós fomos passar em Recife. Lá o pessoal chamava o For Bigode de "Vovô". Tempos depois Manoel vendeu o For para um homem de Recife por sessenta mil réis. Em 1960, disseram que o carro tava em exposição numa loja. Ele foi e reconheceu.
Manoel também possuiu uma motocicleta daquelas antigas que tem uma caçamba do lado. Ele ajeitou o motor preparou todinha e quado ficou pronta, fomos passear no Recite. Limoeiro, São Severino dos Ramos e por esses cantos. Onde a gente passava chamava a atenção porque nem todo o mundo possuía uma motocicleta assim", conta Maria de Manoel de Losa. ( Sua esposa ).
"Manoel de Losa tinha uma oficinazinha de ferreiro em Tamboatá e era motorista. Quando veio morar na cidade de Surubim botou uma oficina mecânica na atual Rua Urbano Vieira. Certa vez, ele comprou um Ford Bigode 28 e recondicionou todinho. Naquele tempo o povo chamava Ford Bigode por causa de suas alavancazinhas, as manetas, que ficavam na direção e que parecia um bigode.Éramos amigos e compadres. Trabalhei um tempo com ele mas depois botei a minha oficina.
Muito competente como motorista, era o melhor mecânico e torneiro de Surubim. Manoel recondicionava motocicletas, automóveis e bicicletas. O que fosse possível ele recondicionava. Uma pessoa honesta: todo o mundo gostava dele e do seu serviço que fazia porque era muito bem aperfeiçoado. Ninguém trabalhava melhor do que ele", conta Severino lrineu de Araújo, o Biu Mago.
"Manoel era um artista. Fazia todo o serviço não existindo nada difícil para ele. Gostava desses motores de motocicletas antigas e fazia de um tudo: piston, biela, pino,coroa e não se enganchava com nada. Competente e honesto, possuía tanta freguesia que nem vencia. Vinha gente de Recife e até de São Paulo para fazer os serviços com ele.
Lembro muito do Ford que agente chamava de "Pé Ouro", por causadas rodas de paus. E quando saía na rua era aquela zoada bonita, pois tinha quatro pistons trabalhando bonito.
Foi meu vizinho durante muito tempo e quando eu era menino, ele e meu pai, João Cazuza, já tocavam rebeca. Era um grande amigo e não tinha um intrigado nem por cem contos de réis", conta Zé de João Cazuza.
Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.
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