terça-feira, 21 de abril de 2020

A INSTALAÇÃO DO COLÉGIO N. Sa. DO AMPARO EM SURUBIM.

Primeira turma do Colégio Nossa Senhora do Amparo 1931. O Educandário era localizado na atual rua 11 de setembro,  no local atualmente é  a Loja Americanas - anteriormente era a residência de José Bruno Cabral.

     Em 1929, o Padre Antônio da Lima Cavalcanti iniciou uma campanha para instalar um educandário em Surubim. Com o apoio do prefeito Dídimo Vieira Carneiro da Cunha, D. Ricardo Vilela, Bispo Diocesano de Nazaré da Mata e da população, foram tomadas todas as providências para acolher as Irmãs de Nossa Senhora do Amparo.

     A antiga casa que pertenceu aos pais da professora Maria Cecília, depois residência do Cônego Benigno Lira, situada a Rua 11 de Setembro, entre os números 42 e 66, foi reformada para tornar-se a Primeira Sede do Educandário.
  
    "E numa tarde do dia 13 de julho de 1929, dez meses após a emancipação política de Surubim, são recebidas nesta região, as Irmãs de Nossa Senhora do Amparo. No dia  seguinte, 14 de julho é inaugurado solenemente o Colégio Nossa Senhora do Amparo, realizando-se o desejo do Exmo. e Revmo. D. Ricardo Vilela, Bispo de Nazaré da Mata. Estiveram presentes à solenidade de inauguração o Sr. Prefeito do Município, Cel. Dídirno Vieira Carneiro da Cunha, o Vigário Padre Antonio de Lima Cavalcanti, autoridades e povo em geral que aplaudiam envaidecidos e gratos a iniciativa de tão elevado empreendimento.

     As primeiras Religiosas que se dedicaram à educação em Surubim foram: Madre Ana de N.S. do Carmo (diretora), Madre Serafina de Santa Tereza, Madre Cecília das Chagas e Irmã Alice dos Anjos que alicerçaram-lhes as bases educacionais.

   O Colégio Nossa Senhora do Amparo, pioneiro nesta cidade, é sem duvida alguma, o sustentáculo de uma sociedade onde o interesse comum o bem comum, as tradições,os costumes, a organização e a responsabilidade unem as pessoas, as famílias, os grupos.

  Que o Amparo continue, no futuro, a ensinar a viver é o desejo de quem se sente honrado em servi-lo". llaíse Arruda Guerra.
 Revista SURUBIM - Especial do Jubileu de Ouro. Setembro de 1978.
  


              COLÉGIO NOSSA SENHORA  DO AMPARO LIVRO DE TOMBO

     Este livro é destinado para os apontamentos de todos os fatos e acontecimentos que se deram no Colégio N. S. do Amparo. Que tudo seja para a maior glória de Deus.

 Surubim, 14 de julho de 1929
Madre Anna


Dia 13 de Julho de 1929

 Às 7 1/2 da tarde chegamos a Cidade de Surubim, sendo recebidas por uma Comissão de senhoras que por determinação do Sr. Vigário nos serviram o jantar e nos mostraram os aposentos da casa.

Dia 14

Às 14 horas da tarde sob a abóbada do céu estrelado e um sol de pleno verão teve lugar a inauguração solene do Colégio por S. Esca. Revma. D. Ricardo Vilela, Bispo Diocesano de Nazaré, que, depois de encerrar a S.S., deu bênção, e em seguida benzeu a Casa perante numerosa assistência. Estavam presentes ao acto, o Rev. Vigário, e o Exmo. Sr. Coronel Dídimo Carneiro da Cunha, Prefeito da Cidade.

Dia 15
Teve lugar a 1ª missa, celebrada por S. Esca. D. Ricardo Vilela, às 7 horas da manhã

Dia 16
Às 15 horas da tarde, S. Esc. O. Ricardo Vilela, fez uma bonita e tocante Conferência para a Comunidade reunida na Capela.

Dia 17
S. Esc. Despediu-se das Irmãs, para voltar à sua residência em Nazareth.

Dia 21
O Rev. Vigário Pe. Antônio de Lima, fez presente as Irmãs de um bonito perú. 

Dia 22
Sob um contentamento geral, inaugurou-se o Escternato  com a frequência de 23 alunas.

Prédio:
O prédio onde funciona o Colégio não é próprio. O aluguel e os gastos de eletricidade são pagos pela Prefeitura de Surubim, que lançou uma verba de 100$000 mensais para esse fim.

Capela 

     A Capela situada em um dos compartimentos do prédio, está provisionada para
a celebração das santas missas, e para ter-se o S. Smo. Sacramento. Está
provida de objetos necessários ao culto Divino.



          PRIMEIRAS ALUNAS DO COLÉGIO NOSSA SENHORA DO AMPARO

     Uniforme das alunas consta do seguinte: Blusa branca, saia marrom, sapatos  pretos e meias pretas e avental, Chapéu de palha branca.

Curso:  Primário.
Regime:  Esctemato.
Mensalidade: 10$000

Matrículas dê alunas de 15 a 22 de julho de 1929:

Alunas: Josepha Arruda - Maria de Jesus Arruda - Neusa Farias Arruda - Severina de Albuquerque Barros - Maria Martha de Moura - Maria de Lourdes de Paula - Maria lracema de Arruda - Maria Assumpção de Oliveira - Maria do Socorro Cabral - Maria José Arruda -Gielza Lobato Madeira - Maria Stella Barros - Dejanira Albino Pimentel - Amara Julieta de Amorim - Maria da Gloria de Paula -·Maria Materna de Medeiros - Flora Benigna de Lima -lsmênia Olindina Leal - Maria José da Fonseca - Maria José de Souza.


Livro para escripturação das alunas do Esctomato do Colégio do N.S. do Amparo, em Surubim. E. de Pernambuco. Surubim, julho de 1929. Madre Anna de N. Sa. do Carmo. Superiora.



         ANTIGAS ALUNAS FALAM DO COLÉGIO NOSSA SENHORA DO AMPARO.

     "A primeira casa onde funcionou o Colégio Nossa Senhora do Amparo era do tipo chalé, com dois cômodos. Na frente, tinha uma sala grande para estudos e num cantinho, improvisaram uma capelinha com um altarzinho e a imagem de Nossa Senhora do Amparo. Do lado de fora, fizeram uns quartos que serviam de dormitórios para as Irmãs. Eu fui uma das primeiras internas junto com uma aluna de Vertentes do Lério, que agente chamava de "40", porque as alunas eram conhecidas pelo número. Eutrópia e Paulo Batista tem uma filha que até hoje todos conhecem por "14", apelido que vem desde os tempos do colégio", contam Laura Ferreira Guerra e Maria do Carmo Leal.

     "Comecei a estudar no colégio em 1930. Fora a vontade de aprender, tinha o maior desejo de usar aquele chapéu de palhinha. Porém, no ano que entrei, acabaram com esse tipo de chapéu, porque era muito caro e nem todas as meninas podiam comprar. Então passamos a usar um chapeuzinho de pano branco, com uma fitinha marrom. Naquele tempo fazíamos teatro. Uma vez, encenamos a peça Branca de Neve e os Sete Anões. Como não tinha meninos no colégio, as alunas faziam também os papéis masculinos. Eu era o Rei, Odete Spósito de Oliveira, a Rainha. Lourdes Barbosa, o Príncipe e Mana  do Carmo Leal a Branca de Neve. Nenen de Badian e Neusa Arruda representavam dois anões. Mas eu não me lembro quem fazia os outros papéis. Só sei que foi lindo, uma coisa maravilhosa" conta Adelaide Guerra de Albuquerque.


     "No tempo que estudei no colégio era só o primário. Aprendíamos geografia, português, ciências naturais, matemática e madre Alice dava aulas de francês. À parte, tínhamos aulas de trabalhos manuais, onde aprendíamos bordados, desenhos e pintura. Quando cursava a quarta série, teve um concurso para preencher duas cadeiras municipais. Eu fiz, passei e fui ser professora", conta Odete Spósito de Oliveira.




sexta-feira, 17 de abril de 2020

COLÉGIO MARISTA PIO XII EM SURUBIM CHEGA AOS 60 ANOS.

                             Fotos: Edvaldo Clemente de Paula / Agosto/2019.














  











Exposição das indumentárias e objetos de uso do Monsenhor Luiz Ferreira Lima, realizada no Colégio Marista Pio XII, durante o mês vocacional, agosto/2019.

             As comemorações dos 60 anos da presença Marista em Surubim  teve início em agosto de 2019.

Por: Eliseudo Salvino Gomes, FMS.
 
Prestes aos sessenta anos de fundação -17 de abril de 1960-, o Colégio Marista Pio XII tem a honra de abrir os seus festejos com a exposição “De Fourvière a Surubim”, a terra do Monsenhor Luiz Ferreira Lima.
Deus quer que todos os homens sejam salvos pela Igreja, sacramento universal de salvação. Como ela, o Instituto dos Irmãos Maristas das Escolas é missionário e, portanto, devemos ter alma missionária, a exemplo do Padre Champagnat, que afirmava: "Todas as dioceses do mundo entram em nossos planos".
Em 23 de julho de 1816, no Santuário de Fourvière, em Lyon, na França, o jovem Marcelino Champagnat, com onze colegas saídos da formação filosófico-teológica, no Seminário Santo Irineu, consagraram a Sociedade da Bem-Aventurada Virgem Maria, que se comprometeram a fundar.
O futuro, que acompanharia a “Promessa de Fourvière”, a qual continua gerando novas iniciativas e atraindo pessoas de todas as partes, chega à querida cidade de Surubim-PE pelas mãos do Monsenhor Luiz Ferreira Lima. A vasta missão, realizada por meio de diferentes serviços à Igreja e à sociedade, é levada adiante com a participação sempre crescente de Leigos e Leigas, muitos deles com um vínculo mais profundo com o carisma fundacional.
Essa estreita relação é proveniente do espírito educador existente entre esses místicos e empreendedores do bem. Portanto, a “Promessa de Fourvière” faz outro percurso, o dos sentimentos e das convicções, que envolveram pessoas desconhecidas: abertura ao diferente, confiança, senso de comunhão e corresponsabilidade, e um lugar especial para Maria.
Parafraseando Antonio Martínez Estaún, a celebração dos sessenta anos do Colégio Marista Pio XII “Não se trata de chegar, mas de partir”. Esse solo fértil continuará a ser celeiro de muitas e boas vocações por sua rica e profunda cultura religiosa, superabundando os diferentes talentos na ciência e nas artes.
Nas palavras de Philippe Desmarescaux, “Fourvière está sempre em movimento. Uma basílica é, sem dúvida, uma história sagrada: tantas graças recebidas, tantos acontecimentos celebrados, mas também uma história arquitetônica, como todo edifício excepcional que permite a cada qual partir da cidade, dizendo: Fourvière é extraordinário!”. E porque não dizer: Fourvière vive na cidade de Surubim, a convite do Monsenhor Luiz Ferreira Lima, para ser sinal profético do Altíssimo Deus.


quinta-feira, 16 de abril de 2020

PASTORIL DE BETE - SURUBIM.


Essa apresentação foi durante a semana da vaquejada de Surubim em 1993, quando a cidade realizava as festividades de rua, proporcionando shows culturais gratuitamente à população, no passado havia valorização da nossa cultura popular.
Esse pastoril tinha a atenção, o carinho e os cuidados da nossa saudosa amiga Bete do Bairro de São Sebastião.
Tenho nos meus arquivos 400 fitas gravadas, estava muito entusiasmado em publicar aqui, tudo que gravei de Surubim e região nas décadas de 80, 90, dos anos 2000 a 2012, mas, infelizmente não estou encontrando apoio.
Lancei uma campanha no Facebook para contar com o apoio dos amigos, mas só duas dezenas de seguidores se solidarizaram com o projeto, assim é pouco para a manutenção, se ao menos todo mês novos amigos que curtem chegassem junto , eu poderia seguir em frente. Surubim, 16 de abril de 2020. Edvaldo Clemente de Paula
Minha Rua Tem Memória -
Contato: (81) 99517 9330 - Whatsaap

sábado, 11 de abril de 2020

UMA JOVEM SONHADORA

                                           
A alegria e simpatia da estudante Joeleide  Carvalho, marcaram sua breve convivência entre nós.

A narrativa é uma homenagem da sua mana, Jaqueline Cerqueira.


  Desde criança era muito sonhadora, desafiava tudo e a todos, inclusive nosso pai. Tinha muitos desejos, sonhava em ser médica ou advogada. Fazia planos de dá uma vida melhor a nossa mãe (Acho que é o sonho de todo filho).

  Cresceu em Surubim, iniciou os estudos no Grupo Escolar Ana Faustina, em seguida, no Colégio Nossa Senhora do Amparo e finalizou na Escola Oliveiros de Andrade Vasconcelos. Teve dificuldade pra terminar o último ano, foi o ano em que nosso irmão mais velho faleceu, ela tinha um amor muito grande por ele, para ela, ele era um espelho um herói. 

   Em 1998, foi morar em Recife, com nossa irmã mais velha Joelma e nosso irmão Josimar. Foram anos complicados, mas ela enfrentou de cabeça erguida, as dificuldades existiam, mas ela derrubava seus leões diários com aquele sorriso lindo.
                                                
  Logo começou a trabalhar e todo mês mandava um dinheirinho para mãe. Ficava um pouco triste porque não era o que ela queria. Sempre buscava mais. 

  No ano 2001, ela passou a morar só com meu irmão, porque nossa irmã mais velha casou. Joeleide sentia muita falta de casa, meu irmão também, mas tinham que buscar o que era melhor... 

   Em 2003 passou no vestibular, ficou muito feliz, imagina, a filha do mecânico ia realizar o sonho dela... Vindo de família humilde e muito simples, quem diria, fazer medicina era um sonho, só que ninguém sabia o que realmente se passava em seu coração, em sua mente. 

   Cursou o primeiro e o segundo período, no terceiro trancou, mas só ela sabia. Enfim, ela viveu intensamente. Deixou muitos amigos, muitos corações partidos. Te juro que não conheço alguém que tinha raiva dela, era tão feliz, tão feliz. 

                                             
   Minha irmã era linda. A filha mais linda de nossos pais.  Mas agora está junto de Deus. Foi brilhar lá em cima. E hoje dia da Ressurreição do Senhor, tenho convicção de que aqueles que morrem, na verdade não morrem, eles continuam vivos, sobretudo em nossos corações. Ela vive, na minha lembrança, na lembrança de todos que a conheciam, de todos que tiveram o privilégio de passar algum momento na presença dela. Que ela descanse em paz junto do nosso Pai do Céu.


SEUS PAIS:
José Firmino de carvalho Neto  e  Lúcia Maria da Silva Carvalho.
( Firmino Mecânico ). 

Joeleide da Silva Carvalho, nasceu em 30/11/79 e faleceu em 14/08/2004.

Minha Rua Tem Memória.


terça-feira, 7 de abril de 2020

EVARISTO AMORIM, O NOSSO MESTRE DE BANDA

     "Quando eu era garoto ouvia a Banda ensaiar mas não pensava ser músico. Num dia de domingo, fui à missa na antiga igreja matriz de São José  e a Banda estava lá. Aí eu vi um menino, do meu tamanho, tocando. Fiquei doidinho. Quando cheguei em casa, falei que queria ser músico. Papai disse que música não dava resultado. Mas mamãe deu consentimento para que eu falasse com o mestre Janjão, de Bom Jardim. Ele aceitou e mandou que comprasse uma folha de papel. Aí copiou a folha todinha com notas musicais, deu uma explicação e disse pra eu voltar no outro dia. Era 20 de julho de 1935, às sete     e meia da noite, quando dei a minha primeira lição. Disse tudo direitinho, e foi  o meu começo na música.

     No tempo em que Zé Barbosa era mestre, escrevi o meu primeiro dobrado e levei pra ele examinar. Gostou muito e botou o nome de 1º de Maio. No Dia do Trabalhador, a banda foi tocar na rua e executou pela primeira vez o dobrado. Aí fui me ajeitando, continuei compondo e tomei gosto pela música.

     Com a saída de Zé Barbosa e posteriormente do mestre Zé Araújo, de Recite assumi a regência da Banda, que mais tarde oficializei com o nome de Filarmônica Cônego Benigno Lira. Chegamos a um ponto que ninguém nunca esperou.  Recebíamos convites para  toca- tas em Taquaritinga, Limoeiro, São Severino dos Ramos, Umbuzeiro e muitas outras cidades. Sempre com muito sucesso.

     Participávamos de concursos de Bandas do interior  obtendo excelentes colocações. Há dois anos, em 1982, participei de um encontro de Regentes patrocinado pela Funarte. Estavam presentes trinta e oito mestres de Bandas, entre eles, sargentos e oficiais do exército e da polícia. Mas fui o escolhido para reger, a solenidade de encerramento. Fui muito aplaudido. Pena que não tivesse  ninguém de Surubim para testemunhar.

   Durante o longo tempo que fui músico, professor e mestre da Filarmônica Cônego Benigno Lira, compus muitos dobrados, valsas, peças de harmonia frevos e sambas. Naquele tempo, eu não tinha tanto zelo, e quase todas as partituras se perderam.

      Dediquei grande parte da minha vida à música e sou muito contente por ter contribuído para a cultura de Surubim", conta Evaristo Amorim.

     "Evaristo foi mestre da Banda Cônego Benigno Lira por muito tempo. Muito competente, sabia teoria musical e compôs muitas peças. Uma, vida inteira dedicada a música e praticamente sem ganhar nada, somente por idealismo.

    Ele passou uns tempos em Montes  Claros, Minas Gerais, integrando-se    à  Banda Operária como músico e depois a convite do professor universitário de música, Alhos Braga, assumiu também a regência", conta Valdomiro Amorim.

    "Quando conheci Evaristo, ele já era músico. Começamos a namorar nos ensaios que a Banda realizava aqui no Alto de São Sebastião. Passamos dois anos entre namoro e noivado, em 1937, casamos.

     Evaristo tocava vários instrumentos: trompa, trombone, soprano, saxofo­ne alto e sax-tenor. A Banda era uma grande alegria na sua vida. A última peça que escreveu foi uma partitura para canto coral, numa missa dedicada a São Sebastião que contou com a participação do bispo D.Manoel. Elogiaram muito. E para ele foi muito importante.

    Tocou pela última vez na festa para comemorar os seus cinquenta anos de música realizada no dia 20 de julho de 1983. A iniciativa foi dele. Nesse tempo Pedro França era o Presidente e foram enviados convites para os sócios da Filarmônica Cônego Benigno Lira, do Independência Futebol Clube e amigos. Como parte das festividades, mandamos rezar uma missa e à noite houve uma sessão solene no Clube Independência. A festa foi bonita, teve muita gente, mas sentimos que faltou aquele entusiasmo, o reconhecimento que Evaristo merecia e merece. E se ele não tivesse se lembrado, a Banda e a família ajudado, não teria havido festa, recorda  Cecília Amorim.

       Sob a batuta do mestre Evaristo Amorim, a Banda Cônego Benigno Lira voltou a brilhar e ganhou fama. Até hoje, quem viu a Filarmônica passar, quem acompanhou a sua carreira de músico, professor e mestre, jamais esquecerá esta figura maravilhosa que multo fez pela música em Surubim.



Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.

Minha Rua Tem Memória




segunda-feira, 6 de abril de 2020

"ZÉ DA SÔPA" - MOTORISTA DA PRIMEIRA SÔPA DE SURUBIM.

                                 
   Amaro José da Silva, popularmente conhecido por Zé da Sopa, nasceu na Vila de São José do Surubim no dia 25 de dezembro de 1910. Filho de Maria Santana da Silva e de Severino Amaro da Silva, o Severino da Catuaba famoso pela fabricação artesanal de vinhos e vinagres.

    Zé da Sopa foi o motorista da primeira sopa, os ônibus de antigamente, de propriedade de Alfredo Motorista. Quando a "sopinha' deixou de circular ele continuou dirigindo marinetes e carros de passeio, até que em 1934, seu Barros convidou-o para ser motorista de uma 'sopa' mais aprumada.
                                                
    Tempos em que viajar ao Recife era uma verdadeira aventura. E nem pensar no inverno quando a Sopa' empacava e os passageiros dormiam nas beiras dos riachos, esperando a água baixar para seguir viagem. O quebra-quebra    do motor adiava achegada tornando trágico-cômico um percurso que sem nenhuma atrapalhação, levava de sete a oito horas para chegar ao seu destino. Mas Zé da Sopa, destemido e acostumado a lida conduzia seus passageiros a salvo.
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    Hoje, aposentado, tocando seu fole e passeando pelas ruas de Surubim,  Zé da Sopa recorda o passado, no presente de um nome que o tornou famoso na região.                                                                    
                                      


Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.


domingo, 5 de abril de 2020

SEU ELIAS E O MOTOR DE LUZ

     José Elias Bezerra,o seu Elias, nasceu em Santa Cruz do Capibaribe, em 1894, porém, morava em Limoeiro quando aceitou o convite de Urcezino e Dinó Arruda para trabalhar como nico e responsável pelo motor de luz de Surubim. Era o ano de 1928.
O tempo passou, passou e seu Elias gostou da terrinha e foi ficando com a sua família.
   
   Seu Elias, uma figura querida, de reconhecida competência, de excelente humor e considerado pelos amigos um grande presepeiro.

    "Quando morria alguém .na cidade a família do morto pagava para que a energia fosse fornecida à noite inteira. E lá estava meu pai, apostos, imbatível, servindo a comunidade. 

     Como não havia substitutos para revezamento da manutenção da caldeira, ele levava o seu filho Eurípedes, com apenas 14 anos de idade"; conta Elzi Bezerra de Melo.

    Ai da gente se não fosse seu Elias, no sufoco de fazer funcionar uma máquina obsoleta. que lhe consumia a paciência e azucrinava a vida da população no velho lenga lenga de que a cabeça do motor pifou". E quando o caso era mais complicado, os reparos eram feitos fora de Surubim mas não demorava muito para que tudo ficasse novamente às escuras.
                                 
   Mas, seu Elias permaneceu firme e só largou o motor com achegada de "Paulo Afonso' em 1961. Ao invés de descansar de tanto trabalho, continuou prestando inestimáveis serviços a comunidade como mecânico eletricista. Foi também orientador de trânsito, administrador de uma pracinha na Rua João Batista e o responsável pela televisão pública.

   Morreu aos 89 anos de idade na terra que tanto amou. Até hoje,quando, se fala daqueles tempos, lembra-se com carinho de seu Elias do Motor, um homem de multas luzes.


Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

SEMANA SANTA ANTIGAMENTE

 Antiga Matriz de São José de Surubim - Minha Rua Tem Memória.

    Depois do Carnaval, começa a Quaresma que vai da quarta-feira de cinzas até o domingo de páscoa. Antigamente ,os fiéis respeitavam religiosamente as sete sextas-feiras da Quaresma. rezavam, Jejuavam e guardavam abstinências.

     Antônia Seabra, a mais antiga lavadeira de Surubim vestia-se de preto e jejuava todas as quartas e sextas-feiras desse período. Na última semana da Quaresma a Semana Santa, as imagens dos santos eram cobertos com panos roxos ou pretos,em sinal de luto. 
Para muitos fiéis o jejum começava na quarta-feira de trevas, prolongando-se até a sexta-feira santa. Nesse dia era rigorosamente proibido comer carne. Porém, os mais devotos passavam a pão e água ou tomavam chá de folhas de laranjeiras. 
Outros faziam sacrifícios de não comer doce ou de não tomar água fora das refeições.

     Em sinal de respeito ao sofrimento de Cristo, as casas ficavam pra varrer, os cabelos pra pentear, o banho pra tomar, o trabalho por esperar. o negócio pra resolver. As pessoas de muita fé não se olhavam no espelho, não .cantavam não assobiavam, não riam alto e algumas só falavam o necessário.  O leite tirava-se na conta para alimentar as crianças, os doentes e os mais velhos.

     Quanto às crianças, eram-lhes proibidas as brincadeiras nas ruas e outras diversões que fizessem zoada.  Nesses dias santos os pais não davam pisas nem puxões de orelhas nos filhos. Quando muito um castigo menos severo. Mas quando passava a Semana Santa,vinha o desconto.

     Os trajes acompanhavam a contrição dos fiéis. As mulheres usavam cores discretas: nada de decotes ou roupas consideradas extravagantes. Nas cabeças mantilhas de renda, filó, ou simplesmente panos de algodão. Os homens vestiam seus trajes domingueiros e só tiravam os chapéus nos cumprimentos ou rezas dentro e ora da Igreja.

     "Na quinta-feira, ao meio dia, ouvia-se o bater das matracas. O Comércio fechava suas portas até o sábado de aleluia, só atendendo os fregueses em caso de muita necessidade. Durante o dia, orava-se nas casas e na igreja, sempre acompanhado do toque de finados. Como não saía a procissão do Senhor Morto, o povo ia rezar no antigo cruzeiro, na atual Rua Oscar Loureiro, esquina com a Avenida São Sebastião", contam Maria de Lourdes de Paula Barbosa e Maria José Medeiros.

     O ponto culminante da Semana Santa era a missa do sábado, à noite, aguardada com muita fé, medo e ansiedade, antes a meia noite, o padre deveria achar ou não o "sinal" que anunciasse a Ressurreição de Cristo: a Aleluia.

      Aleluia, aleluia
     Carne no prato, farinha na cúia. 

    Contam-se muitas histórias sobre o achar e romper" a Aleluia. Pra uns,  o "sinal" era um pouco de cinza, para outros uma pinta de sangue que apareceria ou não em uma das páginas do grosso missal. Caso o "sinal" não aparecesse existia a crença, induzida pela igreja, de que o mundo ia se acabar ou que, grandes catástrofes aconteceriam.

   O povo devia rezar com mais fervor, se redimir dos pecados, fazer promessas e penitências. Ao aproximar-se da meia­ noite, a fé se misturava ao medo e a agonia. Muitos choravam,acendiam velas acompanhados de intermináveis padre-nossos e ave-marias. Para desespero dos devotos, no altar, o padre fazia de conta que procurava, procurava o "si­nal", enquanto o povo agoniava. Finalmente, num ritual de arrepiar os cabelos, anunciava-se o precioso achado:a Aleluia.

     O povo chorava, se alegrava e se benzia agradecendo a Deus, a Vir­gem Maria pelo milagre. Não tinha festa nem baile, e cada um, a sua maneira, se recolhia na crença de viver mais um ano, sem que o mundo desabasse sobre sua cabeça.

                           
Antiga Matriz de São José de Surubim - Rua Marechal Deodoro - Minha Rua Tem Memória.
                                              
                                             ESTÓRIAS DA SEMANA SANTA
     E Zé Mimoso conta:

    "Em 1907, eu tava com 21 anos, e na quinta-feira santa fui ajudar o compadre Filô. Aí o finado Antonio Barros foi tirar leite. E quando apertava o peito da vaca, saía leite, mas quando chegava na cúia, virava água. Aí  ele foi contar ao pai. Então o velho Barros perguntou:

    - Soltou o bezerro ?

    - Soltei.

    - Tá certo, os meninos por hoje passam sem leite.

    "Joaquim Catolé morava no Tambor e num dia de quinta-feira santa ralou  milho pra fazer cuscuz.  Depois juntou a família e foram comer. E quando cortaram o cuscuz, tava que nem sangue de boi coalhado. Aí Joaquim falou: ninguém come. Ele tirou uma talhada e trouxe pra mostrar a Zé Ferreira, em Lagoa Queimada. O meu sogro, o finado Manoel Vicente e o povo todinho presenciaram o fato".

                                                 MALHAÇÃO DO JUDAS

     Do sábado para o domingo, depois de "romper  a  Aleluia, havia a malhação do Judas. Os rapazes da cidade saíam pelas ruas carregando um boneco feito de trapos, o Judas.
Depois penduravam numa árvore e tome pau. E quando todos se davam por satisfeitos, queimavam o boneco num clima de grande animação.

                                                      O "SERRA VELHO "

     Na quinta-ferra de trevas enquanto o povo dormia, saía o "serrá velho". Brincadeira de mal gosto para alguns, porém muito apreciada pela rapaziada.

    Previamente combinado, uma turma de rapazes com rebeca, serrote e tábuas, parava em frente da casa e uma das pessoas mais idosas da cidade e gritava:

    - Chame por Deus.
    - Chame pela Virgem Maria, pois chegou a sua hora.
    E o serrote cortando a madeira, anunciava a morte.
    - Pra quem vai deixar a roupa ?
    - Com quem vai ficar a sua cama?

    E assim, iam fazendo o inventário da vitima, enquanto o rebeca soltava um som fúnebre de arrepiar.
Normalmente a brincadeira terminava  em confusão, ou numa reação inesperada da vítima.

   Contam os antigos que, certa vez, foram "serrá''  Antônia Seabra, na  hora da valação, ela  veio devagarinho, abriu a porta e jogou um penico de mijo na rapaziada.


Fonte: Livro Surubim Pela Boca do Povo - Mariza de Surubim - Edição: 1995.